quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Religiões na África

Essa postagem é a primeira de uma série sobre religiões africanas. Em verdade, vou reproduzir curtos textos de Mircea Eliade, sempre grafando as discordâncias. Iniciando com a África Ocidental, excluindo o caso dos povos Iorubás, pois quanto a este vale verificar ifabiyi@blogspot.com.



Visão de mundo dos Bambaras e dos Dogons do Mali

Nove populações (dogons, bambaras, ferreiros, kurumbas, bozos, mandigas, samogos, mossis, kules) vivem no mesmo substrato metafísico, se não religioso. Têm em comum o tema da criação por um verbo inicialmente imóvel, cuja vibração vai determinando aos poucos a essência e, depois, a existência das coisas; o mesmo ocorre com o movimento em espiral cônica do universo, que está em extensão constante.

Na cosmogonia dos dogons, o universo e o homem são criados a partir de uma vibração primordial que procede, em forma helicoldal, de um centro e cujo impulso é dado por sete segmentos de diferentes comprimentos. O verbo estabelece uma aproximação entre o homem e seu Deus, ao mesmo tempo que uma ligação entre o mundo objetivo concreto e o mundo subjetivo da representação. Parir a palavra não é uma operação sem risco, pois ela rompe a perfeição do silêncio. O silêncio, segredo que se cala, tem valor iniciático que caracteriza a condição original do mundo. No princípio, não havia necessidade de linguagem, pois tudo o que existia estava integrado numa palavra inaudível, um sussuro contínuo.

E ainda dizem que o pensamento africano é atrasado....






Um comentário:

Diego Moreira disse...

Boru, meu velho. Belíssima essa imagem...

Vou acompanhar a série.
Abraços!

 
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