sábado, 24 de março de 2007

ZIRALDO



O grande mineiro Ziraldo Alvez Pinto criador da turma do Pererê e do Menino Maluquinho; membro fundador do eterno Pasquim e da saudosa Bundas, por ocasião dos seus 75 anos está sendo homenageado pelo XVIII Salão Carioca do Humor com uma belíssima exposição no Centro Cultural do Correios. Sábado passado pude revisitar a minha infância e ao mesmo tempo confrontar momentos recentes da nossa história polítca. Com toda a certeza é uma exposição que vai agradar a galera dos 30 para cima e a meninada, ou seja, as crianças com ou sem barba.



Para quem não conhece. Centro Cultural do Correios -Rua Visconde de Itaboraí 20 - Centro ( atrás do CCBB)

Período: 8/03 até 15/04/07

Visitação: de terça a domingo, das 12h ás 19 h ( entrada franca)

Tel:2253-1580


Um inenarrável abraço

Revolução Industrial - 2 parte

A Indústria moderna substituiu as ferramentas do artesão por máquinas cada vez mais potentes e velozes, movidas por novas fontes de energia (o carvão na primeira RI , o petróleo seus derivados e hidroeletricidades na segunda RI) e não mais pela força do próprio trabalhador. A capacidade e o volume da produção aumentaram muito e aumentaram também os lucros. Com o aumento da produtividade temos o aumento da mais-valia e portanto do lucro. Nas fábricas, concentra-se um grande número de operários, todos recebendo salário como pagamento pelas horas que passam trabalhando nas fábricas. Cada operário realiza apenas uma pequena parte da fabricação do produto sendo treinado, especializando-se naquela tarefa. O operário já não sabe fazer todo o produto, já que realiza apenas uma pequena parte da fabricação do mesmo.
A quantidade e a qualidade dos produtos não dependem mais da habilidade dos trabalhadores mas do tipo de máquina e do ritmo que ela trabalha. Isto resulta da divisão técnica e social do trabalho, que causou a alienção do trabalhador em relação ao produto do seu trabalho.
Texto adaptado e modificado - João Rua ( Um grande mestre)
Inenarrável abraço

Revolução Industrial - 1 parte

Como nesta semana, nas turmas do terceiro ano, estamos discutindo o desenvolvimento industrial colocarei alguns pequenos textos.

A Revolução Industrial

A Revolução Industrial (RI) longe de se apresentar como um fenômeno técnico significou uma transformação na ciência, nas idéias e nos valores da sociedade. Significou também trocas no volume e na distribuição da riqueza centrada, até então, no monopólio da nobreza que lhe conferia também poder político. Por sua vez, é produto de um processo histórico do desenvolvimento das forças produtoras e do princípio da especialização assentada na divisão do trabalho, já que o homem não produzia mais para auto-subsistência.
A RI criou as condições necessárias para que o capital acumulado pudesse se reproduzir, quais sejam:a) inovação nos instrumentos e métodos de trabalho;b) incremento da produtividade do solo, liberando a população do campo que migra para as cidades, e vai servir de mão-de-obra para manufatura e, posteriormente, para a grande indústria;c) ampliação do comércio;d) desenvolvimento dos transportes e melhoria das vias de comunicação, expandindo o mercado interno e externo;e) utilização de outras fontes de matéria-prima;f) diminuição do preço das mercadorias;g) desenvolvimento do crédito;h) melhoria da vida da popução ( saúde, habitação, alimentação).
A sociedade deixa de ser fundamentalmente rural para se transformar em urbana. O surgimento das novas relações sociais agora se assenta predominantemente na contradição entre a burguesia e o proletariado e não mais entre a nobreza e o clero. Com o crescimento da população, principalmente na segunda metade do século XVIII com a queda abrupta da taxa de mortalidade (segunda fase da transição demográfica), a aglomeração urbana se intensifica. A RI foi substituíndo o trabalho artesanal pelo assalariado e especializado. O que acabou por mudar as relações sociais, sendo essas agora baseadas no contrato entre o operário e o capitalista e na exploração do primeiro pelo segundo. A jornada de trabalho que o operário deverá enfrentar terá como características básicas a uniformidade, regularidade e a continuidade, devidamente vigiadas: tal fato vai aumentar a intensidade do processo de trabalho requerida pela racionalidade e eficiência, contrariamente áquela desenvolvida no campo, onde o ritmo de trabalho é dado pelas condições naturais.
A manufatura ao utilizar, num mesmo local, um número grande de operários sob o comando de um único capital, inaugura uma forma de trabalho coletivo, cooperativo que coincide com a degradação do trabalho artesanal. Como isso modifica - através da soma mecânica das forças dos operários - o ritmo do trabalho e se desvincula do ritmo praticado pelo campo, regulado pelas estações do ano, pelo clima, etc. As condições climáticas ou a luz do dia não têm mais qualquer influência nas condições de trabalho que confinam o trabalhador no atelier durante a maior parte do dia e da vida.Com a grande indústria, a maquinaria, o trabalho socializado, coletivo, com o aumento da intensidade do trabalho, a incorporação da população como nu todo no processo produtivo - homens, mulheres e crianças - teremos a passagem do homem destro, criativo, virtuoso, ao ser mecânico, degradado moralmente e devastado intelectualmente. O homem se torna apêndice da máquina, o filme tempos modernos demosntra com clareza, como o homem não só virou um apêndice como também um escravo. A máquina aparece como elo de transformação, não do modo de produção em outro, mas do homem no processo de trabalho e da mudança do seu papel neste processo. A máquina, enquanto meio de produção e meio material de existência do capital passa a ser o fundamento material do modo e produção capitalista.
A grande indústria, ao revolucionar, as relações gerais de produção da sociedade, produz uma nova concepção de trabalho, de vida, de relação entre os seres humanos. Isto é provocado pela mudança das relações entre o capital e o trabalho, pois a máquina se converte em competidor do próprio operario e a habilidade deste desaparece. Assistimos o dominio da máquina sobre o homem. A introdução da máquina não tem por objetivo aliviar o trabalho do homem, mas sim baratear as mercadorias, acaba produzindo a intensificação do trabalho, desqualifica o trabalhador, transforma o homem em parte da máquina, subjulga a vida ao ritmo do relógio e do apito das fábricas e não mais aos ciclos naturais.





Texto modifcado e adaptado - Espaço e Indústria - Ana Fani A. Carlos





Um inenarrável abraço

Ainda na água.



O texto anterior foi escrito enquanto eu ouvia o novo cd de Maria Bethânia - Pirata. Na verdade o texto foi motivado por uma música em especial - Águas de Cachoeira. Saudações as águas.



ÁGUAS DE CACHOEIRA

Lá na pedreira
Rola na cachoeira
Uma água forte
Pra me banhar
Uma água forte
Pra me banhar
Ela me enche de fé
Me dando um banho de paz
Bebo dela no coité
E vejo o bem que me faz
Água de beber
Água de molhar
Água de benzer
Água de rezar
Na boca da mata
Tem chave de ouro
Tem pedras de pratas
E aves de Agouro
Tem um doce mistério
Que eu não sei contar
Eu só sei dizer pra você
Que meu pai mora lá

( Jovelina P. Negra, Labre e Carlito Cavalcante)



Oore yèyè ò!! - saudações benevolente mãe
É um excelente Cd - comprem!!!




Um inenarrável abraço

Água, um novo commodity ?

Quando falamos em commodity estamos nos referindo a um produto primário, a exemplo dos produtos alimentícios e minérios. Que são comercializados pelo investidores, normalmente por meio de contratos a termo (contratos futuros) nas bolsas de mercadorias. Temos uma grande variedade de produtos que se encaixam nesta categoria, como aves, ovos, carne, aveias, a soja e os seus subprodutos, produtos florestais, o açúcar, café, minerais, metais, trigo, milho e outros. Em breve, a redução da disponibilidade de água potável tende a fazer com que este bem essencial se encaixe nesta categoria, aumentando a sua importância econômica e geopolítica. Se a nossa forma de utilização dos recursos hidrícos se mantiver, a água potavél será o recurso natural mais disputado no planeta.

Uma grande quantidade de países já vivem problemas de escassez relativa e absoluta, com destaque para os países africanos do Magreb e os estados do Oriente Médio ( onde o petróleo é a principal riqueza, seguida pela água.... até quando?). Se não mudarmos urgentemente a nossa relação com a água, além dos impactos ambientais e sociais que advém do nosso modelo de desenvolvimento estaremos fadados a assistir o aumento da pressão política e dos conflitos envolvendo a água em nosso planeta. A disputa pela água e a sua importância estratégica já era uma realidade dos Estados desde o inicío do seu desenvolvimento social. O sociológo alemão de orientação marxista, Karl Wittfogel foi um pioneiro ao discutir e refletir sobre a hidropolítica. Segundo ele, o domínio da água constitui um elemento essencial do poder: aquisição de água potável, irrigação de culturas e navegação fluvial são funções em torno das quais fortes autoridades coletivas estão organizadas, e mesmo a base de grandes Estados.Sendo assim, se o ritmo do desperdício, do consumo e da destruição dos mananciais se mantiver, vamos assistir a uma disputa mercadológica (o Banco Mundial - BIRD - já incentiva a gestão privada da água, que segundo este organismo deve ser feita por grandes coorporações) e, inevitavelmente, seguida ou acompanhada de confrontos políticos-militares. Este bem coletivo que normalmente nos referimos como fonte da vida, vai se tornar também a origem da morte.

ONU divulgou, em 2002, alguns dados assustadores sobre a questão dos recursos hídricos:


  • 1bilhão e 100 milhões de pessoas não têm acesso à água potavel, o que corresponde a um sexto da população mundial;
  • 2 bilhões e 400 milhões de pessoas não têm acesso a serviço de saneamento básico adequados, isto equivale a 40% da população mundial;
  • a cerca de 6 mil crianças morrem diáriamente devido a doenças provocadas pela água insalubre ou relacionadas a saneamento básico e higiene deficientes;
  • a água insalubre e o saneamento básico deficiente causam 80% das doenças no mundo em desenvolvimento. Mais de 250 milhôes de pessoas sofrem dessas doenças todos os anos;
  • no séulo XX, o consumo de água aumentou a um ritmo duas vezes mais rápido que o crescimento demográfico;
  • em muitas regiões, a utilização excessiva de águas subterrâneas para beber e para feitos de irrigação, provocou a queda, em dezenas de metros, do nível dessas águas, o que obriga as pessoas a consumir água de baixa qualidade.

Um inenarrável abraço

Jangada Brasil - A cara e a alma brasileiras

Meu querido irmão e compadre Luis Antônio "Careca" Simas me apresentou este maravilhoso site, que reflete, sem dúvida alguma, a melhor cara do Brasil. Jangada Brasil é um trabalho primoroso de resgate e divulgação da nossa cultura. Estava me deleitando com o conteúdo deste site, quando me deparei com mais de 2000 provérbios populares. É simplesmente delicioso ler e reler essas pérolas da sabedoria do povo brasileiro. Só para dar o gostinho e estimular visitas a esta biblioteca popular, vou colocar alguns exemplos de provérbios.

  • Abrindo o bico é que se ganha o mundo
  • Abelha só dá mordidela em quem trata com ela
  • A vida é uma coisa que quanto mais estica mais curta fica
  • A vida é um rascunho de saudades (amei esse!!)
  • A vida é assim mesmo: um pau de sebo com uma nota falsa na ponta ( perfeito!!)
  • A velhice começa surgindo de dentro da mocidade
  • A verdade sobrenada como azeite
  • A cachaça é o sacatrapo da verdade
  • Quando o dinheiro fala, a verdade cala (triste mas real!)
  • Baiano burro nasce morto
  • Batendo ferro é que se vira ferreiro
  • Beijo de menina é vitamina
  • Beijo é que nem ferro elétrico, liga em cima e esquenta embaixo
  • Beijo não mata a fome, mas abre o apetite
  • Besteira pouca é bobagem
  • Boa pinga não carece propaganda
  • Boato é como fogo na campanha
  • Boca de ambicioso só se enche com terra de sepultura ( maravilha.. maravilha!!!)
  • Boi bravo, depois de morto, todo mundo segura o chifre dele
  • Boi morto, vaca é
  • Boi, na terra alheia, até as vacas lhe dão chifradas
  • Cachaça tira juízo, mas dá coragem
  • Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça ( esse o Simas adora..pq será?.. acho que devemos iniciar uma investigação.. que cobra foi essa?)
  • Cada cabeça, uma sentença
  • Cada qual com a sua pereba
  • Caixão não tem gaveta
  • Café, mulher e sopa só quentes
  • Casal feliz: marido surdo e mulher cega
  • Casarás e amansarás ( também lembrei do Simas)



Visitem www.Jangadabrasil.com.br

Um inenarrável abraço.

Quem bate esquece, mas quem apanha, não.


A revista Carta Capital publicou uma matéria que aborda a mortalidade de jovens, onde mostra dados que indicam que uma geração inteira está sendo aniquilada em nossas periferias. Sugiro que todos leiam a matéria assinada por Phydia de Athayde, para provocar a curiosidade de todos visitantes, vou reproduzir um trecho de uma entrevista com um jovem envolvido com o tráfico.

- Como você entrou para o tráfico?- Comecei aos doze anos. A polícia invadiu minha casa sem mandado de busca, cismou que era um lugar suspeito. Botou minha irmã e mãe peladas, todo mundo pelado, e me bateu na frente da minha família. Aquilo e outras coisas que eu ouvia de meus amigos, um foi preso sem ter nada a ver com o tráfico, me deixaram revoltado.- O que fez permanecer?- Além do dinheiro, o respeito que a polícia tinha de mim.- Você considerava isso uma vingança?- Eu estava vendo os PMs comendo na minha mão. Houve uma vez em que aquele policial que me esculachou, por coincidência do destino, abordou um vapor. Eu e meus parceiros o cercamos. Falei pra ele "está lembrado daquele garoto, daquela casa que você entrou, onde fez a família dele ficar pelada e deu um tapa na cara? Sou eu. E se eu quisesse te matar agora?" Se eu fosse o dono do tráfico na época, matava ele. - Qual foi a resposta do policial?- Pediu desculpas, falou que não lembrava de nada. Quem bate esquece, mas quem apanha, não. Depois, ele sumiu da área.
( O jovem entrevistado, identificado como Onô, tem 26 anos e está há três meses fora do tráfico. Seu depoimento a Eduardo Auler foi publicado no Jornal Extra em 24 de novembro.) Como romper esse círculo vicioso ?
Um inenarrável abraço

Os canalhas também envelhecem



Os canalhas também envelhecem e, graças a Deus e, à genética, morrem. O inferno, caso exista, está mais feliz no dia de hoje. A casa do Pé de Bode, o reino do enxofre, a cidade dos caídos, parou por um segundo para saudar e bradar - VIVA PINOCHET!!! Isso se por ocasião do seu enterro a terra aceite acolher este indivíduo. Desconfio que ela não se abra, não importando o quanto se cave. E ainda acredito que caso a terra se abra e receba este infeliz, os vermes devem poupá-lo, pois não comem semelhantes. Pensando por outro lado, sempre existe outro lado, Pinochet pode causar uma tremenda confusão na terra do sofrimento sem fim. Se lá é a terra da inveja, como Lulu (só para os íntimos, no geral ele gosta de ser chamado de Lúcifer) lidaria com o medo de ser destronado? O Subsolo ficaria meio apertado e o risco é ele ser cuspido de volta. Pensando bem, outros do mesmo calibre encontraram seu espaço lá, certamente ocupando algum cargo burocrático na terra de Mefistófeles.



Texto escrito por duas baleias. Eu e Elisa Defelippe (que nem é tão baleia, mas como tem espírito de gorda, gosta da alcunha).




Inenarrável abraço Ops .. Já ia esquecendo, Hoje é o dia dos Direitos Humanos.. Ah !! Exu por que tanta irônia? Risos e muito obrigado, mais uma vez a humanidade agradece.

Voltando ao tema "raça"


Em alguns textos anteriores discutimos a noção de "raça", ainda sobre o tema o jornal o Mundo de março de 2007, publicou um texto interessante que reproduzo abaixo.
"O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica censitariamente a população brasileira nas categorias "branco", "preto","pardo","amarelo" e "indígena". Segundo os dados do ùltimo censo, os "pretos" representam cerca de 6% da população total e os "pardos" cerca de 42%.

Nada disso tem significado racial. A espécie humana não se divide em raças e os geneticistas já demosntraram que mais de 80% da população brasileira tem significativa ancestralidade africana, o que significa que a maior parte dos que se declaram "brancos" também são, em alguma medida, "afrodescendentes".O contrário é, naturalmente, verdadeiro. Entre os "pretos", há os que apresentam alguma ancestralidade européia ou indígena. Mais ainda entre o "pardos", um rótulo de mau gosto que, entre outros significados, quer dizer "branco sujo", aplicado pelo censo a todos os que, criativamente, inventam expressões para designar tons de pele intermediários entre o "branco" e o "preto".
Todas essa complexa história de miscigenações não serve às finalidades da Secretaria da Igualdade racial (Seppir), o órgão governamental engajado na elaboração de propostas de leis raciais. A Seppir, sobretudo, está em guerra contra a existência dos "pardos", esses quase-brancos, quase pretos, quse índios da geléia real brasileira. Ela insiste em ignorar o censo e o princípio de autoclassificação, reunindo "pretos" e "pardos" numa "raça negra", que representaria 48% dos brasileiros.Essa operação já produziu uma frse feita, segundo a qual o Brasil possui a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria. A Seppir vai mais longe e, para enfatizar uma base biológica da sua "raça negra", designa os "negros" como "afrodescendentes". O termo surgiu recentemente e é uma importação política. A sua origem encontra-se nos EUA, o berço das políticas de ação afrimativa. Foi lá que, a partir da décadad e 70, por iniciativa da Fundação Ford e durante o governo do republicano Richard Nixon (1969-74), surgiram embrionariamente as cotas raciais nas univesidades."Afrodescendente" não em, como se observa, nenum significado biológico. Não tem também um significado cultural preciso, pois os africanos que, na condição de escravos, cruzaram o Atlãntico e se fixaram no Brasil são originados de muitas "Áfricas".è que não há, em nehum sentido, uma cultura africana, mas inúmeras. África é um singular que, como Ásia, Europa ou América, remete à pluralidade.Antes de tudo, é preciso distinguir dos espaço macro-regionais africanos: África do Norte e África Subsaariana. A primeira é formada, itegralamete, por 5 países, embora outros 5 possam ser adicionados, parcialmente, a esse conjnto. É uma África árabe-muçulmana, fruto da ocupação levada a cabo inicialmente pelo império árabe (séculos VII e XIII) e, posteriormente pelos turco-otomanos (séculos XIII ao XIX). A dupla herança formada pelo Islã e pela língua árabe aproximam, cultural e socialmente, a África do Norte do Oriente Médio. Essa África não estabeleceu relações profundas com o Brasil.A África Subsaariana, muito extensa e variada, engloba mais de 40 Estados. Identificada como "África Negra" pelas potências imperiais no século XIX, apresenta-se como um mosaico humano e cultural e uma babel lingüística. Ela é um fruto da justaposição de dinâmicas etno-culturais autóctones, de heranças deixadas pelo processo de ocupação colonial europeu e da influência árabe-islâmica. Há muitas "Áfricas" ao sul do Saara.Muitos tentaram estabelecer o número exato de grupos étnicos do continente africano - e fracassaram. Não há concordância quanto ao número de etnias ou de línguas existentes no continente. Uma solução foi tentar agrupar a diversidade em grandes troncos ou ramos. Mas não há consenso ne sequer sobre a classificação geral. (...) Do ponto de vista étnico, alguns especialistas enumeram mais de mais centana de etnias, enquanto outros identificam mais de um milhar delas. (...)Uma célebre e radical generalização divide a África Subsaariana em dois grandes ramos étnicos: sudaneses e bantos. (...) Indivíduos desses dois grupos foram trazidos como escravos para o Brasil.Do grupo sudanês, foram razidos escravos proveniebtes de lugares onde se localizam, atualmente, países como Nigéria, Gana e Costa do Marfim. O Nordeste brasileiro recebeu a maior parte deles. Os Bantos, bem mais numerosos, eram originários da bacia do Congo, das colônias portuguesas de Angola e Moçambique. Esses escravos foram levados tanto para o Nordeste como para o Sudeste brasileiro. A África está no Brasil, em todos os lugares. De certo modo, somos todos "afrodescendentes". Mas ninguém é apenas "afrodescendentes". Isso é o que a Seppir não quer entender."O debate continua aberto, vale a pena dar uma olhada nos textos anteriores que tocam no mesmo assunto.
Um inenarrável abraço

O conceito de raça


Continuando a discussão sobre "raça"... Raça tem sido frequentemente definida como um agrupamento, ou classificação, baseado em variações genéticas na aparência física, sobretudo a cor da pele. A maioria dos sociólogos (e biológos) contesta a idéia de que raça biológica seja um conceito que signifique alguma coisa, em especial em virtude do imenso volume de cruzamentos que, ao longo da história, caracterizou a população humana. (...) Distinções como "branco" e "negro" pouca base têm em diferenças genéticas cientificamente identificáveis, embora possuam grande importância nas percepções, avaliações e comportamento dos indivíduos em relação a outros.Raça tem sido usada muitas vezes como significado de etnicidade, palavra que descreve um meio formativo cultural comum. Nesse sentido, expressões como "raça britânica" ou "raça judaíca" ainda continuam a ser usadas.
Johnson, Allan G. Dicionário de Sociologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.p188
Inenarrável abraço

A saúde dos "negros" é diferente?

Trago neste "post" um artigo do Antropólogo Peter Fry. Acho pertinente pensarmos nas formas de inserção e de valorização da população negra, mas quais os caminhos?



O capítulo 1 do Título II do Estatuto da Igualdade Racial versa sobre o direito à saúde. Começa encorajando os governos federais, municipais e estaduais a desenvolver ações e serviços em que sejam focalizadas as "peculiaridades" da população afro-brasileira. Além disso, prevê a introdução obrigatória do quesito "raça/cor" em todos os documentos em uso no Sistema Único de Saúde (SUS). Em seguida, autoriza o Ministério da Saúde a "produzir, sistematicamente, estatísticas vitais e análises epidemiológicas da morbimortalidade por doenças geneticamente determinadas ou agravadas pelas condições de vida dos afro-brasileiros" e o Ministério da Educação a introduzir matérias relativas às especificidades da saúde da população afro-descendente como temas transversais nos currículos dos cursos de saúde. Finalmente autoriza a implantação de um programa de Agentes Comunitários de Saúde e o Programa de Saúde da Família em todas as comunidades de remanescentes de Quilombolas existentes no país e determina que os moradores das comunidades de remanescentes de quilombos" terão acesso preferencial aos processoas seletivos para a constituição das equipes dos programas". Sem explicitar quais seriam as doenças especificas aos negros, o Estatuto autoriza o Ministério da Saúde a definir as "doenças prevalentes na população afro-brasileira". Resumindo: o Estatuto imagina um Brasil dividido entre duas populações, a dos "afro-brasileiros" e a dos "outros-brasileiros", cada qual com as sua doenças e necessidades de saúde. No caso dos quilombolas, prevê uma situação na qual os quilombolas cuidam da saúde dos próprios quilombolas, como se cada "raça" tivesse que cuidar de si.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, cresceu um consenso entre os cientistas que afirma que as raças humanas não existem na natureza; são construções sociais. Inaugurou-se uma ciência libertadora. Não mais seria possível supor associações entre "raça" das pessoas e sua inteligência, moralidade e outras capacidades. Pesquisas recentes, conduzidas por geneticistas brasileiros, confirmam a inutilidade do conceito de raça humana no sentido biológico e, como consequência , a sua total irrelevância para medicina, sobretuto num país com tanta mistura genética como o Brasil. Sérgio Danilo Pena demonstrou que as aparências (que definem "cor/raça" dos indivíduos no Brasil) são péssimos indicadores de ancestralidade genética. Por exemplo, a proporção de ancestralidade africana nos que se definem como brancos no Sudeste do Brasil é 32% e a proporção de ancestralidade européia naqueles que se definem como pretos na mesma região é 49%. Como o genótipo dos indivíduos não corresponsde ao seu fenótipo, fica evidente que a noção de "doenças raciais" simplesmente não tem sentido.Vejamos o caso da anemia falciforme, que é muitas vezes chamada de "doença de negros". Embora o Estatuto não defina as doenças "prevalentes na população afro-barsileira", dedica um artigo inteiro às medidas que deveriam ser adotadas para combater esta doença. Essa variedade de anemia é transmitida através de um gene recessivo (o traço falciforme), que originou-se em quarto regiões da África e na Ásia menor e Índia, onde a malária é endêmica. Como a cor clara dos olhos, só se manifesta quando o indivíduo herda o gene de mabos os pais. Com o passar do tempo, o gene saiu de suas áreas geográficas de origem e se espalhou com a velocidade das relações sexuais produtivas entre pessoas de ancestralidade e aparência diversas. Atualmente, pode se manifestar em qualquer indivíduo cujo pai e mãe são portadores desse gene. Não existindo nenhuma correlação entre a aparência das pessoas ( a sua suposta "raça") e a sua saúde ( nem no caso da anemia falciforme), cabe perguntar o porque do capítulo sobre saúde no Estatuto de Igualdade Racial. Até 1995, "raça" no Brasil vivia na clandestinidade. Os cidadãos eram formalmente iguais perante a lei, independentemente da sua cor. O racismo era combatido como crime imprescritível e inafiançável. Naquele ano, porém o governo inaugurou um Grupo de Trabalho Intreministerial Para a Valorização e Promoção da População Negra e previu a implementação de "ações afirmativaspara, segundo o discurso oficial, reduzir as desigualdades sócio-econômicas de cunho racial. No governo Lula, foi criada a Secretaria Especial a para Promoção de Igualdade Racial (SEPPIR) e multiplicaram-se as "ações afirmativas". Ações afirmativas dividem a população entre os que tem direito a elas e os que não tem; entre os "negros" e"brancos". Como efetuar essa divisão entre brasileiros que têm como costume se definir e definir os outros a partir de um leque bastante rico de "identidades raciais"? O IBGE utiliza, para efeitos censitários cinco categorias de "raça/cor". No linguajar cotidiano aparecem centenas de termos, mais ou menos carinhosos ou pejorativos como moreno, mulato, branquinho, negão, branquelo, russo, cafuzo, sarará, escurinho, etc. nas primeiras ações afirmativas nas universidades estaduasis cariocas, adotou-se o principio de auto-declaração através do qual os próprios candidatos se declararam "negros" ou "brancos". A Universidade de Brasília e a Universidade Federal do paraná foram um passo além, criando comissões de especialistas que avaliaram as auto-atribuições, o que autores têm denominado "tribunais raciais".É razoável supor que a associação entre "raça" e "saúde" veio no sentido de legitimar ainda mais um processo que divide os brasileiro em "negros" e "brancos" apenas, como se fossem duas "raças" distintas. Associar especificidades de saúde (que é concebida como algo natural) á população "afro-brasileira" representa uma poderosa ferramenta no processo de naturalização da "raça negra" (por oposição lógica e política á "raça" branca). Afinal, a constatação da exist~encia de peculiaridades de saúde entre os negros passa a mensagem de que há, na natureza, duas raças humanas, cada qual com sua constituição física distinta. O capítulo sobre saúde no Estatuto de Igualdade Racial só pode ser interpretado como uma ação política cuja a consequência será refutar a negação científica das raças humanas, introduzindo práticas que tendem a fortalecer a crença em raças distintas, como a obrigação de declaração de "raça" em todos os contatos dos cidadãos com o sistema de saúde. É, no fim das contas, uma verdadeira pedagogia racial.
Peter Fry, antropólogo, pesquisou para o doutorado na África e atualmente é professor titular de antropologia na UFRJ, onde conduz pesquisas sobre o impacto das "ações afirmativas" sobre as universidades brasileiras ( www.observa.ifcs.ufrj.br). Sem dúvida esse tema é um verdadeiro campo minado. O debate está aberto. Este é o caminho? Existem outros caminhos?
Um inenarrável abraço

Qual a razão do ódio?


A novidade dos jovens norte-americanos: o novo esporte radical, é a agressão aos moradores de rua. Aqui nas terras Tupiniquins já tivemos os nossos casos semelhantes como do índio Gaudino de Jesus e o recente acontecido com Alessandro Cardoso Perreira, morador de rua alvejado pela aposentada psicopata, entre outros.Lá, onde já existem videos simulando ataques aos indigentes, eles chamam essa nova modalidade de "entreterimento" de caça aos vagabundos. Qual é o próximo passo? "Games"? reality Show? "Safaris" onde é possivel participar dando sua bordoada? Esse é o Estado que dita as regras? Essa é a juventude, que em breve, vai conduzir a política global? Alguma semelhança com a Juventude Hitlerista ( da qual "nosso" Papa um dia fez parte)?
Mais uma faceta do atual estado de espírito da sociedade norte-americana. O Estado branco anglo-saxão e protestante (WASP), xenófobo, homofóbico ( mas nem tanto: cabe lembrar do pastor, amigo do Bush, que por debaixo dos panos, ou melhor, lençóis contratava serviços de um amante profissional), mostra a sua verdadeira cara; que certamente combina com um ridículo bigodinho austríaco.
Um inenarrável abraço

Quando ELE estava vivo.

Só para confirmar ação do Dr. Roberto


http://www.youtube.com/watch?v=m6szMVHyJ_I&search=Elei%C3%B5es%201989


Nos dias atuais com a ajuda da guiné, do peregum, do para-raio e de muita reza forte foi possivel evitar o resultado de 1989, apesar das manifestações deste encosto.
Inenarrável abraço

Dia 20 de novembro


A revista Carta Capital publicou um artigo intitulado " A cor faz a indiferença" , onde alguns dados interessantes são apresentados sobre "consciência" negra. A publicação mostra que, segundo uma pesquisa realizada pelo IBASE, muitos tentam escapar da sua própria "cor", como se isso significasse um distanciamento do preconceito. Em pesquisas como a do IBGE, são os entrevistados que respondem sua cor. No levantamento do IBASE, os entrevistadores foram orientados a perguntar a respeito da cor e depois fazer a sua própria avaliação. Entre aqueles identificados pela cor preta, 30% declararam-se pardos. O comportamento repetiu-se. Dos que disseram ser brancos, 30% eram pardos.Fica muito claro que parte da população afrodescendente tem dificuldade de identificar-se com as suas origens e raízes. Cada vez mais assistimos a negros tristemente embranquecidos culturalmente. Não que todo negro tenha que gostar de samba, jongo, lundu, capoeira ou mesmo tenha que seguir uma religião afro-brasileira; entretanto, é necessário primeiro reconhecer a si mesmo como negro e compreender e valorizar as manifestações culturais afro-brasileiras. Acredito que o resgate da auto-estima e da própria capacidade de se aceitar como negro passa pelo conhecimento da riqueza cultural herdada dos nosso ancestres africanos.No dia de hoje, não consigo esquecer o termo usado pelo mestre Abdias do Nascimento, em uma entrevista. Ele afirmou que o Brasil está repleto de "negros-jabuticabas", referindo-se aos negros que são como a simpática fruta oriunda da mata atlântica, pretos por fora mas brancos por dentro.Neste ano o dia 20 de novembro caiu numa segunda-feira, o dia votivo de Elegbara. Zumbi do Palmares assim como Exu faz com fantástica e necessária frequência, subverteu a ordem estabelecida e desafiou os detentores do poder. Mostrou a força de um povo oprimido que foi desterritorializado, explorado, dominado e, mesmo assim, recriou seu espaço, resgatou seus valores e organizou, como Nei Lopes diz, o primeiro estado livre do Brasil. Este certamente nunca foi um "negro-jabuticaba", não se deixou contaminar, não se rebaixou e orgulhoso de si e dos seus foi capaz de desafiar toda uma nação.
Um inenarrável abraço.
Modupé.... Moforibalé Zumbi

Eu um urbanóide.


As nossas cidade são fruto do desenvolvimento industrial acelerado apartir do século XIX. A fumaça, o obssesiva concentração de pessoas e de fábricas, as favelas, os cortiços, o ritmo de vida marcado pelo tempo artificial do relógio, a entrada e saída de mercadorias e informações, são algumas das caracteristicas que as cidades começam assumir no inicio do século XX e mantém até hoje.
É verdade que nas últimas décadas algumas cidades começam e se libertar da indústria, propriamente dita, entretanto os paradigmas criados pela sociedade urbano industrial estão longe de serem superados. As cidades são os locais da inovação, das revoluções, dos avanços técnicos, dos conflitos e dos acordos sociais. São espaços de trocas, de convívio, onde as forças que impõe as transformações sociais agem com maior intensidade. A cidade é fruto do conflito e do acordo. O espaço urbano é resultado da ação de diferentes agentes: o capital, o estado e os grupos socialmente excluídos. Estes estabelecem acordos e se confrontam na definição do espaço urbano. Por fim, a cidade é o espaço da diversidade, riqueza e da miséria. Sou um urbanóide assumido, amo a metrópole, preciso da fumaça e do agito. É exatamente esse mosaico, essa mistura, esse conflito constante que me fascina e seduz.
Um inenarrável abraço

A Geografia do Voto

O jornal Mundo publicou uma interessante matéria analisando uma pesquisa do Ibope, sobre a eleição presidencial. Segue um resumo com algumas interveções minhas (entre parênteses).


Geografia e sociologia do Voto Lulista

Duas semanas antes de primeiro de Outubro, as pesquisa de opinião divulgadas pelos principais institutos apontavam a tendência da reeleição do presidente Lula ainda no primeiro turno. Mas, sobre tudo, revelavam as identidades regionais e sociais do voto em Lula.
A pesquisa Ibope de projeção de um hipotético segundo turno, publicada dia 11 de setembro, oferece dados discriminados por região e faixa de renda. Segundo essa pesquisa, Lula perdia para Alckmin apenas na região Sul. ( fato confirmado - Alckmin ganhou em todos os estados na região Sul.) Na região Sudeste, registrava-se um empate técnico. (na verdade Lula só perdeu no Estado de São Paulo). No Norte/Centro-Oeste, Lula abria folgada vantagem e, no Nordeste, o presidente parecia disputar sozinho a eleição. (confirmadíssimo).
A força eleitoral do Lula no Nordeste resulta de uma combinação de fatores estruturais e conjunturais. Na região mais pobre do país se concentraram os investimentos dos programas sociais federais: Bolsa Família, Luz para Todos, crédito agrícola e outros.Nos últimos anos a economia regional cresceu em ritmo apenas levemente superior à média brasilera, mas a injeção de recursos federais, especialmente através do Bolsa Família, provocou forte aumento do consumo das famílias mais pobres, que ampliaram as compras de alimentos perecíveis, material de limpeza, higiene pessoal, perfumes, cosméticos e eletrodomésticos. (...)
Segundo pesquisas de mercado, cerca de 60% dos seus habitantes passaram a consumir mais desde que passaram a receber as rendas do Bolsa Família.A pesquisa do ibope oferece mais que uma visão regional do voto lulista. O eleitorado do presidente concentra-se marcadamente, entre os mais pobres. Na faixa de renda de até um salário mínimo, Lula tinha dois terços das inteções de voto. Um empate técnico se registrava entre os eleitores de renda média. Alckmin vencia com folga na faixa de mais de 10 salários mínimos (...)
A sociologia do voto também tem uma dimensão espacial. Enquanto a disputa não parece tão desigual nos municípios das capitais, a vantagem de Lula era acachapante nos municípios periféricos das metrópoles e nas cidades do interior.Nos discurso do intelectuais petistas, a distribuição social e geográfica do voto tornou-se uma "prova" do suposto caráter progressista do governo Lula e de uma 'identidade de classe" da política do presidente. Naturalmente, no discurso dos partidos de oposição, ressurgiram as velhas teses emboloradas segundo as quais os pobres "não sabem votar". (Sempre que os pobres discordam, fazem porque são burros ou manipulados. É assim que "eles" pensam.) Os dois argumentos são falsos. Todos, pobres e ricos, votam nos candidatos que parecem, numa determinada conjuntura política, correspnder melhor a suas expectativas de futuro. A revolta ou o desencanto vêm depois - e isso também vale para eleitores de todas as camadas sociais. Fernando Collor foi eleito com ampla maioria entre os pobres. Fernando Henrique foi eleito e reeleito com votações consagradoras nas faixas inferiores de renda.
Lula venceu em 2002 batendo facilmente Serra no voto da população pobre. Em si mesmo, o apoio dos que tem menos renda nada diz sobre a orientação política e econômica dos governos ou candidatos. O que não significa, é claro, que a distribuição social do voto seja irrelevante.Mas o que distingue essa eleição é a concentração regional e social inédita do voto em determinado candidato. Lula aparece como uma espécie de unanimidade no Nordeste e nas faixas inferiores de renda. A rejeição ao preseidente é um fenômeno do Centro-Sul e das camadas médias. ( na verdade uma rejeição de São Paulo e do Sul, já que ele venceu em todo o Sudeste menos no referido estado) A combinação, um convite ao salvacionismo e ao caudilhismo, não parece auspiciosa para o jogo da democracia.
Jornal Mundo - Outubro de 2006Será que a Geografia do voto reflete uma descentralização da ação política e social do atual governo?
Um inenarrável abraço

Fundamentalismo Democrático

Os termos fundamentalismo e democracia apresentam uma contradição entre si, já que o fundamentalismo é a interpretação literal dos textos sagrados e sua aplicação cega e a democracia, filha da razão grega, sustenta-se no diálogo, onde, de maneira geral, os representantes se identificam com os interesses de uma classe ou grupo social específico e sustentam diferentes opiniões a respeito de como se devem solucionar os problemas.
O escritor e jornalista espanhol Juan Luis Cebrián escreveu, em 2004, um ensaio intitulado O fundamentalismo democrático, onde tece fortes críticas ao governo conservador de Aznar (1996-2004), que, segundo o jornalista, caracterizou-se por adotar a democracia como bandeira política, mas, paradoxalmente, a desfigurou enquanto modelo de convivência política. Neste âmbito, o discurso plural e democrático esconde um pensamento e uma prática totalizante (para não dizer totalitária), muito semelhante a algumas posturas religiosas que são incapazes de dialogar com a diversidade e de aceitar a diferença, fortemente apoiadas na crença da sua superioridade moral, que permitiria julgar e condenar os outros.
O conceito de Cebrián se aplica com exatidão ao governo Bush, que não somente assume uma postura fundamentalista, mas messiânica, tendo o apoio maciço dos católicos e protestantes de seu país. No último pleito norte americano, o candidato democrata John Kerry fazia questão de separar religião de política. Enquanto isso, Júnior fazia o inverso, invocando um conservadorismo puritano, que prega a retomada dos valores morais, onde se consolida uma ideologia de direita cristã evangélica.Além da luta contra o terror, outras bandeiras conservadoras são levantadas pelo atual governo norte-americano: a oposição ao aborto e ao casamento homossexual e a defesa da pena de morte; dentre outras. No plano internacional, essa doutrina unilateral já demonstrou seus efeitos perversos: o desprezo ao Tratado de Kioto, a injustificável invasão ao Iraque, o esvaziamento da ONU, a situação da Coréia do Norte, a invasão ao Afeganistão e os presos em Guantanamo. E a lista continua...
O quadro que se coloca é de um poder que se exacerba, tornando-se cada vez mais arrogante e propenso a converter amigos em adversários e adversários em inimigos, de acordo com uma lógica excludente: “ ou comigo ou contra mim”.Os efeitos de visões totalitárias e conservadoras são bem conhecidos ao longo da história, bem como os do fanatismo religioso. Essa concepção societária está presente não só nos EUA, mas em todo mundo, de forma mais ou menos explicita. Devemos estar atentos aos discursos políticos moldados na fé e na autoridade moral (hipócrita!!).Até que ponto estamos distantes deste perigo? Quantos de nossos políticos e religiosos, comumente os dois, não seguem e reproduzem essas idéias? Como evitar e combater os dogmáticos e crentes do caminho único, seja ele religioso ou político?
Vamos aguardar pra ver...
Um inenarrável abraço

O espírito do Dr. Roberto Marinho


Assistindo a atual cobertura jornalística dada pela Rede Globo (e suas afiliadas ou melhor comparsas), fica muito claro que o espírito do "Dr". Roberto Marinho ainda vaga pelos corredores da emissora do Jardim Botânico. O grau de manipulação, me lembrou da disputa entre o velho Sapo Barbudo e o jovem Fernando Collor, onde toda a máquina midiática atuou levando o jovem ao poder. Lembro também do sequestro do empresário Abílio Diniz e as bandeiras, camisetas e panfletos do PT, que foram "encontradas" no cativeiro.Hoje o Sapo já não é mais tão barbudo como era. Mas o referido Bufo, apesar da mudanças e dos"arranjos" ainda insiste em dar ao país uma cara diferente daquela que a elite "Global" deseja. E aí que vindo sei lá de onde, a alma, o espírito, ou como os africanos chamam o Egum Buruku desperta ( isso se ele algum dia dormiu) e mostra aos seus descendentes e seguidores o caminho, a forma e o proceder.Neste então nefasto momento, o mito da isenção cai por terra. Com requintes maquiavélicos, eles mentem, ocultam informações, deturpam frases, criam manchetes tendenciosas.
Fico então pensando, qual será a "bomba" que eles pretendem divulgar para tentar mudar o resultado final do pleito. No passado tentaram ligar o PT e o Sapo aos sequestradores e hoje, ao jogo do bicho? ao crime organizado? Vamos esperar e ver, as fantasmagóricas e assustadoras manifestações desta alma.

Obs. Saudades do velho Brizola
um inenarrável abraço

O começo ou melhor o recomeço

Por motivos operacionais o Geogordo esta sendo desativado, então estou republicando todos os "post" no Geogordo 2 - A missão

Inauguro este rotundo espaço pedindo as bençãos do homem do preto, do vermelho e do branco. Pois é ele o dono do movimento, da controvérsia e da comunicação. Espero fomentar aqui a troca, o dialógo e como não poderia deixar de ser muita briga ( só não vale dedo no olho nem incluir a progenitora).

 
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