sábado, 24 de março de 2007

Quem bate esquece, mas quem apanha, não.


A revista Carta Capital publicou uma matéria que aborda a mortalidade de jovens, onde mostra dados que indicam que uma geração inteira está sendo aniquilada em nossas periferias. Sugiro que todos leiam a matéria assinada por Phydia de Athayde, para provocar a curiosidade de todos visitantes, vou reproduzir um trecho de uma entrevista com um jovem envolvido com o tráfico.

- Como você entrou para o tráfico?- Comecei aos doze anos. A polícia invadiu minha casa sem mandado de busca, cismou que era um lugar suspeito. Botou minha irmã e mãe peladas, todo mundo pelado, e me bateu na frente da minha família. Aquilo e outras coisas que eu ouvia de meus amigos, um foi preso sem ter nada a ver com o tráfico, me deixaram revoltado.- O que fez permanecer?- Além do dinheiro, o respeito que a polícia tinha de mim.- Você considerava isso uma vingança?- Eu estava vendo os PMs comendo na minha mão. Houve uma vez em que aquele policial que me esculachou, por coincidência do destino, abordou um vapor. Eu e meus parceiros o cercamos. Falei pra ele "está lembrado daquele garoto, daquela casa que você entrou, onde fez a família dele ficar pelada e deu um tapa na cara? Sou eu. E se eu quisesse te matar agora?" Se eu fosse o dono do tráfico na época, matava ele. - Qual foi a resposta do policial?- Pediu desculpas, falou que não lembrava de nada. Quem bate esquece, mas quem apanha, não. Depois, ele sumiu da área.
( O jovem entrevistado, identificado como Onô, tem 26 anos e está há três meses fora do tráfico. Seu depoimento a Eduardo Auler foi publicado no Jornal Extra em 24 de novembro.) Como romper esse círculo vicioso ?
Um inenarrável abraço

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