sábado, 24 de março de 2007

Voltando ao tema "raça"


Em alguns textos anteriores discutimos a noção de "raça", ainda sobre o tema o jornal o Mundo de março de 2007, publicou um texto interessante que reproduzo abaixo.
"O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica censitariamente a população brasileira nas categorias "branco", "preto","pardo","amarelo" e "indígena". Segundo os dados do ùltimo censo, os "pretos" representam cerca de 6% da população total e os "pardos" cerca de 42%.

Nada disso tem significado racial. A espécie humana não se divide em raças e os geneticistas já demosntraram que mais de 80% da população brasileira tem significativa ancestralidade africana, o que significa que a maior parte dos que se declaram "brancos" também são, em alguma medida, "afrodescendentes".O contrário é, naturalmente, verdadeiro. Entre os "pretos", há os que apresentam alguma ancestralidade européia ou indígena. Mais ainda entre o "pardos", um rótulo de mau gosto que, entre outros significados, quer dizer "branco sujo", aplicado pelo censo a todos os que, criativamente, inventam expressões para designar tons de pele intermediários entre o "branco" e o "preto".
Todas essa complexa história de miscigenações não serve às finalidades da Secretaria da Igualdade racial (Seppir), o órgão governamental engajado na elaboração de propostas de leis raciais. A Seppir, sobretudo, está em guerra contra a existência dos "pardos", esses quase-brancos, quase pretos, quse índios da geléia real brasileira. Ela insiste em ignorar o censo e o princípio de autoclassificação, reunindo "pretos" e "pardos" numa "raça negra", que representaria 48% dos brasileiros.Essa operação já produziu uma frse feita, segundo a qual o Brasil possui a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria. A Seppir vai mais longe e, para enfatizar uma base biológica da sua "raça negra", designa os "negros" como "afrodescendentes". O termo surgiu recentemente e é uma importação política. A sua origem encontra-se nos EUA, o berço das políticas de ação afrimativa. Foi lá que, a partir da décadad e 70, por iniciativa da Fundação Ford e durante o governo do republicano Richard Nixon (1969-74), surgiram embrionariamente as cotas raciais nas univesidades."Afrodescendente" não em, como se observa, nenum significado biológico. Não tem também um significado cultural preciso, pois os africanos que, na condição de escravos, cruzaram o Atlãntico e se fixaram no Brasil são originados de muitas "Áfricas".è que não há, em nehum sentido, uma cultura africana, mas inúmeras. África é um singular que, como Ásia, Europa ou América, remete à pluralidade.Antes de tudo, é preciso distinguir dos espaço macro-regionais africanos: África do Norte e África Subsaariana. A primeira é formada, itegralamete, por 5 países, embora outros 5 possam ser adicionados, parcialmente, a esse conjnto. É uma África árabe-muçulmana, fruto da ocupação levada a cabo inicialmente pelo império árabe (séculos VII e XIII) e, posteriormente pelos turco-otomanos (séculos XIII ao XIX). A dupla herança formada pelo Islã e pela língua árabe aproximam, cultural e socialmente, a África do Norte do Oriente Médio. Essa África não estabeleceu relações profundas com o Brasil.A África Subsaariana, muito extensa e variada, engloba mais de 40 Estados. Identificada como "África Negra" pelas potências imperiais no século XIX, apresenta-se como um mosaico humano e cultural e uma babel lingüística. Ela é um fruto da justaposição de dinâmicas etno-culturais autóctones, de heranças deixadas pelo processo de ocupação colonial europeu e da influência árabe-islâmica. Há muitas "Áfricas" ao sul do Saara.Muitos tentaram estabelecer o número exato de grupos étnicos do continente africano - e fracassaram. Não há concordância quanto ao número de etnias ou de línguas existentes no continente. Uma solução foi tentar agrupar a diversidade em grandes troncos ou ramos. Mas não há consenso ne sequer sobre a classificação geral. (...) Do ponto de vista étnico, alguns especialistas enumeram mais de mais centana de etnias, enquanto outros identificam mais de um milhar delas. (...)Uma célebre e radical generalização divide a África Subsaariana em dois grandes ramos étnicos: sudaneses e bantos. (...) Indivíduos desses dois grupos foram trazidos como escravos para o Brasil.Do grupo sudanês, foram razidos escravos proveniebtes de lugares onde se localizam, atualmente, países como Nigéria, Gana e Costa do Marfim. O Nordeste brasileiro recebeu a maior parte deles. Os Bantos, bem mais numerosos, eram originários da bacia do Congo, das colônias portuguesas de Angola e Moçambique. Esses escravos foram levados tanto para o Nordeste como para o Sudeste brasileiro. A África está no Brasil, em todos os lugares. De certo modo, somos todos "afrodescendentes". Mas ninguém é apenas "afrodescendentes". Isso é o que a Seppir não quer entender."O debate continua aberto, vale a pena dar uma olhada nos textos anteriores que tocam no mesmo assunto.
Um inenarrável abraço

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