Revolução Industrial - 1 parte
Como nesta semana, nas turmas do terceiro ano, estamos discutindo o desenvolvimento industrial colocarei alguns pequenos textos.
A Revolução Industrial
A Revolução Industrial (RI) longe de se apresentar como um fenômeno técnico significou uma transformação na ciência, nas idéias e nos valores da sociedade. Significou também trocas no volume e na distribuição da riqueza centrada, até então, no monopólio da nobreza que lhe conferia também poder político. Por sua vez, é produto de um processo histórico do desenvolvimento das forças produtoras e do princípio da especialização assentada na divisão do trabalho, já que o homem não produzia mais para auto-subsistência.
A RI criou as condições necessárias para que o capital acumulado pudesse se reproduzir, quais sejam:a) inovação nos instrumentos e métodos de trabalho;b) incremento da produtividade do solo, liberando a população do campo que migra para as cidades, e vai servir de mão-de-obra para manufatura e, posteriormente, para a grande indústria;c) ampliação do comércio;d) desenvolvimento dos transportes e melhoria das vias de comunicação, expandindo o mercado interno e externo;e) utilização de outras fontes de matéria-prima;f) diminuição do preço das mercadorias;g) desenvolvimento do crédito;h) melhoria da vida da popução ( saúde, habitação, alimentação).
A sociedade deixa de ser fundamentalmente rural para se transformar em urbana. O surgimento das novas relações sociais agora se assenta predominantemente na contradição entre a burguesia e o proletariado e não mais entre a nobreza e o clero. Com o crescimento da população, principalmente na segunda metade do século XVIII com a queda abrupta da taxa de mortalidade (segunda fase da transição demográfica), a aglomeração urbana se intensifica. A RI foi substituíndo o trabalho artesanal pelo assalariado e especializado. O que acabou por mudar as relações sociais, sendo essas agora baseadas no contrato entre o operário e o capitalista e na exploração do primeiro pelo segundo. A jornada de trabalho que o operário deverá enfrentar terá como características básicas a uniformidade, regularidade e a continuidade, devidamente vigiadas: tal fato vai aumentar a intensidade do processo de trabalho requerida pela racionalidade e eficiência, contrariamente áquela desenvolvida no campo, onde o ritmo de trabalho é dado pelas condições naturais.
A manufatura ao utilizar, num mesmo local, um número grande de operários sob o comando de um único capital, inaugura uma forma de trabalho coletivo, cooperativo que coincide com a degradação do trabalho artesanal. Como isso modifica - através da soma mecânica das forças dos operários - o ritmo do trabalho e se desvincula do ritmo praticado pelo campo, regulado pelas estações do ano, pelo clima, etc. As condições climáticas ou a luz do dia não têm mais qualquer influência nas condições de trabalho que confinam o trabalhador no atelier durante a maior parte do dia e da vida.Com a grande indústria, a maquinaria, o trabalho socializado, coletivo, com o aumento da intensidade do trabalho, a incorporação da população como nu todo no processo produtivo - homens, mulheres e crianças - teremos a passagem do homem destro, criativo, virtuoso, ao ser mecânico, degradado moralmente e devastado intelectualmente. O homem se torna apêndice da máquina, o filme tempos modernos demosntra com clareza, como o homem não só virou um apêndice como também um escravo. A máquina aparece como elo de transformação, não do modo de produção em outro, mas do homem no processo de trabalho e da mudança do seu papel neste processo. A máquina, enquanto meio de produção e meio material de existência do capital passa a ser o fundamento material do modo e produção capitalista.
A grande indústria, ao revolucionar, as relações gerais de produção da sociedade, produz uma nova concepção de trabalho, de vida, de relação entre os seres humanos. Isto é provocado pela mudança das relações entre o capital e o trabalho, pois a máquina se converte em competidor do próprio operario e a habilidade deste desaparece. Assistimos o dominio da máquina sobre o homem. A introdução da máquina não tem por objetivo aliviar o trabalho do homem, mas sim baratear as mercadorias, acaba produzindo a intensificação do trabalho, desqualifica o trabalhador, transforma o homem em parte da máquina, subjulga a vida ao ritmo do relógio e do apito das fábricas e não mais aos ciclos naturais.
Texto modifcado e adaptado - Espaço e Indústria - Ana Fani A. Carlos
Um inenarrável abraço
Nenhum comentário:
Postar um comentário