Um Mito Iorubá
Houve uma época em que o hipopótamo era o rei de um grande lago existente nas margens de um rio, mas sofria grande oposição por parte de sapo.
- Não é possível! - reclamava o batráquio. - Não vejo justiça no fato de o hipopótamo ser rei só porque é muito maior que todos os animais do lago. Nem o crocodilo pode competir com ele em tamanho e força, mas nem por isso é menos caapz de reinar!
Se fôssemos adotar um critério justo, haveriamos de coroar um novo rei, não pela avaliação do seu tamanho, mas sim por sua inteligência e versatilidade e, com toda a certeza, uma vez utilizados estes critérios seria eu o coroado!
A política estabelecida pelo sapo encontrava ressonância em alguns segmentos da comunidade e, desta forma, a ordem começou a ser ameaçada.
Diante do impasse criado, os bichos resolveram, em assembléia, nomear um árbitro absolutamente neutro, para decidir quem seria o rei. e o escolhido para a delicada missão não foi outro senão Exu.
No dia da decisão, apresentaram-se os candidatos dianted e Exu e cada um expôs os motivos pelos quais se achava amis bem habilitado para o cargo e, por questão de hierarquia, o primeiroa discursar foi o hipopótamo.
- Acho que sou o mais indicado para o cargo, porque sou pacífico, mas, se for necessário, poderei manter a ordem, fazendo valer a minha força e o meu tamanho. Não acredito que exista aqui qualquer um que possa desafiar-me para uma luta corporal! Sempre mantive a paz no lago e, até hoje, não precisei apelar para a violência e, por este motivo, devo continuar a reinar sobre os meus vizinhos.
Chegara a vez do sapo discursar e, pomposamente trepado sobre um grande crocodilo que apoiava sua candidatura, deu início à sua fala:
- Senhoras e senhores, moradores do lago! Digníssimo Elegbara Senhor Exu Elegbara, mui digno árbitro desta pendência!
Exu, sentado num velho tronco caído numa das margens, olhava divertido a verborréia do bufão.
- De há muito... continuou o sapo - ... venho tentando mostrar a todos o quanto de inútil tem sido o hipopótamo como rei de nosso lago! O que tem feito em benefício de nossa comunidade? O que tem feito, ao menos, em seu próprio benefício? nada! Absolutamente nada!
Tudo que esta montanha decarne sabe fazer é cochilar, submerso, e, vez por outra, bocejar, escancarando a enorme bocarra, o que, sem dúvida, não só assusta, como representa um garnde risco para os pequenos animais. A situação é grave e exige uma mudança imediata!
Precisamos de alguém que reine com inteligêcia e sabedoria! E esre alguém sou eu, o sapo! Não pensem senhores que não sou capaz de manter a paz, se necessário for, usando força! quero revelar a todos, neste momento, um segredo que guardo há muito e muito tempo, por pura humildade. se quiser, e quando quiser, posso aumenatr de tamanho, ficando até maior e amis forte que o meu opositor! Se não o faço é para não humilhar os outros animais, nem ocupar um espaço exagerado como faz o hipopótamo!
- Neste caso, amigo sapo, deverás ser coroado rei. Já provaste, através do belíssimo discurso com que nos agraciaste, ser mais inteligente que o hipopótamo. Resta agora provar que, como tu mesmo disseste, és capaz de ficar maior que teu opositor. Vamos, brinda-nos também com uma demonstração! Tenho certeza de que és capaz de fazê-lo!
Embriagado de vaidade o sapo inspirou todo o ar que pôde e, inflando, aumentou consideravelmente de tamanho.
- Que tal estou? - perguntou a exu.
- Bem maior -respondeu o árbitro - Mas muito longe do amanho do hipopótamo.
- Mais uma grande inspiração e, um pouco maior, o sapo voltou a solicitar uma nova avaliação:
- E agora, que tal estou?
- Maiorzinho, mais não o suficiente! respondeu Exu, que, com toda a ceteza, já havia elaborado um plano para desmoralizar o batráqui - Por que não puxas mais ar?
Num esforço sobrenatural o sapo inspirou mais uma grande quantidade de ar e, com sensação de que os olhos iriam saltar-lhe das órbitas, procurando reter, dentro de si, a enorme quantidade de ar, indagou:
- E agora?
- Quase! respondeu Exu - tenta de novo! mais um pouco de ar e serás o rei do lago.
Os animais que assistiam à patética cena não entendiam nada. Exu afirmava que o sapo estava quase do tamanho do hipopótamo, mas todos viam que nem sequer atingira a altura de seus joelhos!
E o sapo, num garnde e derradeiro esforço, puxou, paar dentro de si, toda a quantidade de ar que pôde! Pou!!!! Foi o que se ouviu em seguida. O sapo havia explodido como um balão e seus pedaços voaram em todas as direções! Estava terminada a disputa!
Chocados com o que viram, os animais aclamaram o hipopótamo seu legítimo rei e compreenderam que cada um nasce com seu próprio destino e deve conformar-se com suas limitações.
E é desta forma que Exu castiga aqueles que querem ser o que não podem. Força-os a inflar-se com o ar da vaidade, até que explodam e morram sem conseguir realizar seus delírios de grandeza.
( Uma vez conheci um grande sapo... que explodiu em sua arrogância. Por dentro era só ar, no fundo era só ar... já que vazio ( e pequeno em sua moral) ele sempre foi. Um Cubano uma vez me disse: - Quando a verdade chega a mentira se envergonha e se vai.)
Um comentário:
Lindo,falcão! adorei!
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