Insegurança do Trabalhador
As mudanças recentes vividas pelo modelo capitalista de produção, apoiadas no discurso Neoliberal e viabilizadas pela revolução técnico-cientifica informacional, tem ocasionado uma série de inseguranças para a classe trabalhadora, tanto em relação ao emprego, quanto aos direitos sociais. Mattoso, aponta 5 (cinco) modificações do mercado de trabalho. É pertinente apresentar um resumo dessas condições, descritas pelo autor, relacionadas ao mercado de trabalho:
a) a insegurança do mercado de trabalho:
Quadro 1
Taxa de Desemprego e N0 de desempregados
Taxa de Desemprego* | N0 de Desempregados** | |||||||
Alemanha | 0,6 | 3,1 | 7,9 | 6,8 | 273 | 876 | 2258 | 2038 |
Áustria | 0,9 | 1,7 | 3,7 | 3,2 | 33 | 65 | 135 | 108 |
Bélgica | 2,4 | 7,5 | 13,2 | 8,1 | 92 | 304 | 545 | 385 |
Espanha | 1,0 | 8,6 | 18,2 | 17,1 | 363 | 1139 | 2379 | 2564 |
EUA | 4,9 | 5,8 | 9,6 | 5,3 | 4365 | 6137 | 10717 | 6528 |
França | 2,7 | 6,0 | 8,4 | 9,4 | 593 | 1361 | 1974 | 2313 |
Holanda | 1,4 | 3,5 | 11,2 | 7,4 | 110 | 280 | 674 | 546 |
Inglaterra | 2,1 | 4,5 | 11,2 | 6,2 | 557 | 1234 | 2984 | 1743 |
Itália | 6,4 | 7,8 | 10,0 | 12,1 | 1303 | 1686 | 2140 | 2867 |
Japão | 1,3 | 2,1 | 2,7 | 2,3 | 680 | 1170 | 1560 | 1420 |
Suécia | 2,0 | 1,7 | 2,9 | 1,4 | 98 | 88 | 151 | 62 |
Suíça | 0,0 | 0,3 | 0,8 | 0,6 | 0 | 10 | 29 | 17 |
CEE | 2,4 | 5,5 | 10,1 | 9,0 | 3530 | 7534 | 14109 | 13419 |
OCDE | 3,2 | 5,2 | 8,6 | 6,4 | 11329 | 17917 | 31120 | 25309 |
Fonte: OCDE, 1990 e OCDE 1992, p.295, in Mattoso, op cit.
* Em %
** Em milhares
A tabela 1 demonstra as transformações ocorridas entre 1973/1979 e 1983/1989. dividindo a análise em dois grupos observamos em relação ao primeiro período, o segundo apresentou um acréscimo na taxa de desemprego e no número de desempregados, mesmo no Japão onde o desemprego é baixo devido ao sucesso econômico.
b) a insegurança no emprego
A redução relativa ou absoluta de empregos estáveis ou permanentes nas empresas, e a maior contratação de trabalhador temporário e estagiários, tem o intuito de reduzir o tamanho da força de trabalho empregada integralmente, o que significa uma redução nos “gastos” com o trabalho, por parte das empresas, já que os trabalhadores temporários entram no mercado de trabalho com menores garantias, ou seja, com piores condições salariais.
A tabela 2 nos demonstra o crescimento continuo do trabalho “partial-time”, mesnmo que essas formas de trabalho já fossem existentes e praticadas entretanto hoje temos o recrudescimento dessas atividades, na medida em que a forma de contratação do indivíduo ocorre em situações mais precárias que no sistema “full-time”.
Tabela 2
Crescimento do emprego total, em tempo integral (full-time) e em tempo parcial (partial-time) nos países membros da OCDE (em %):
1981-1983 1983-1989
EMPREGO TOTAL | 0,1 | 1,6 |
emprego full-time | -0,5 | 1,5a |
emprego partial-time | 3,4 | 2,1a |
Fonte : OCDE,1990, pg24
a crescimento médio anual de 1983-1988
c) a insegurança na renda
A dúvida quanto a entrada no mercado de trabalho ( insegurança do mercado de trabalho e do emprego), concomitantemente com a quebra do compromisso Fordista, dentro do qual os trabalhadores eram vistos como consumidores, gerou uma nova insegurança, a da renda.
Além disso, na década de 80, rompe-se a relação salário produtividade, o que aumentou a insegurança quanto aos rendimentos do trabalho. Nos países desenvolvidos esta situação foi traduzida como uma queda dos custos unitários reais da mão-de-obra, ou seja, os trabalhadores hoje produzem mais e ganham menos, aumentando assim a absorção de mais-valia pelos capitalistas.
d) Insegurança na contratação do trabalho
A contratação, a regulamentação e a definição dos salários, ocorriam durante o período Fordista, sob o controle do Estado, que impunha várias práticas que beneficiavam os trabalhadores, ocorrendo a contratação de uma forma coletiva seguindo regras estabelecidas.
Hoje, com a ausência da política Keynesiana, e com o enfraquecimento dos sindicatos, fruto da modernização conservadora, as relações de trabalho se descentralizaram, isso através de um processo que possibilitou que os empresários capitalistas obtivessem uma maior autonomia na defesa de seus interesses.
e) insegurança na representação do trabalho
O Capital e não o Estado, capitaneia a sociedade capitalista, isso dentro de regras que seguem a livre-concorrência e o mercado auto-regulável, o que ocasiona um enfraquecimento de tendências que busquem uma maior autonomia do trabalhador.
É importante salientar que as novas regras econômicas e de produção atingiram os países e as regiões de formas distintas, assumindo assim especificidades próprias dentro dos Estado-nações ( os países responderam de forma diferenciada ao novo padrão econômico emergente) entretanto é comum a todos os países a revisão do Welfare-State, o que vem causando um aumento das desigualdades sociais.
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