ENEM
Ao analisarmos as provas do ENEM, no últimos 10 anos, fica fácil observar a importância do conhecimento Geográfico para resolução das questões propostas pela banca. Isto é reflexo da própria natureza da Geografia como ciência e do objetivo da prova ( interdisciplinar). A ciência geográfica ao estudar o espaço como categoria de análise da sociedade, envolve uma série de conhecimentos que estão presentes em outras ciências como a Biologia, Ecologia, Economia, Cartografia, e a História dentre outras, ou seja, o conhecimento Geográfico apesar de categorias e conceitos específicos, permite uma abordagem interdisciplinar que é inerente ao pensamento geográfico. Como entender a realidade espacial sem articular os diferentes atores que agem, modificando o espaço?
Em 1998, 15 questões envolviam direta ou indiretamente a Geografia; em 99 foram 22; em 2000 foram 20; 2001 temos 25 questões, 2002 são 22; 2003 temos o expressivo numero de 27 questões; 2004 são 21 questões, 2005 aparecem 19; 2006 o recorde de 30 questões e finalmente 2007 com 22 questões.
População, Energia, Transporte, Globalização são temas comuns na prova do Enem. Entretanto questões envolvendo a Geografia física e aos impactos ambientais predominam, agrupando conhecimentos tanto da Geografia como da Biologia. Outro ponto que dever ser destacado é constância de questões que abordam a Cartografia, tema esse muitas vezes esquecido em outros exames. O exame do Enem prioriza a capacidade interpretativa e reflexiva do aluno, utilizando de textos, gráficos e tabelas em suas questões, por isso, é comum encontrarmos questões envolvendo temas geográficos e conhecimentos básicos de estatística e matemática.
Seguindo a tendência dos exames anteriores podemos pensar em alguns temas, sempre de forma interdisciplinar e priorizando a temática nacional.
1 – Globalização
- A questão cultural - o conflito com o islâmico, a existência de uma cultura global e ao mesmo tempo a manutenção dos valores culturais locais. A xenofobia e as restrições migratórias cada vez mais rígidas impostas as populações dos países periféricos;
- O papel dos órgãos internacionais ( FMI, BIRD, OMC...) como elementos difusores do liberalismo e da própria globalização;
Formação de blocos econômicos regionais, com destaque as diversas iniciativas de integração da América Latina. O papel de países como Brasil, Argentina, Venezuela, Chile e México, no contexto geopolítico local e global apontando os interesses comuns e conflitos existentes; - A revolução da informação, novos comportamentos de consumo ou mesmo sociais ( relacionamentos via rede; o isolamento da realidade através da rede e de jogos on-line )
A revolução dos transportes que possibilita o aumento das trocas comercias a nível global, bem como aumento do fluxo de pessoas, que por sua vez pode contribuir para difusão mais rápida de doenças (vírus). Por outros lado a existência de uma rede global de comunicação possibilita uma maior cooperação científica, o que por sua vez contribui para a descoberta de curas e a difusão novos tratamentos;
2 – População/migração
- As recentes mudanças no quadro populacional brasileiro - a queda expressiva da taxa de fecundidade; o país cada vez mais urbano; o aumento do consumo das classes C e D, o aumento da expectativa de vida, a diminuição do ritmo de crescimento da população;
- A evolução das relações de trabalho no Brasil, do trabalho escravo ao trabalho informal urbano;
- O fato do Brasil ter ganho posições do Ranking do IDH ( fruto da melhoria das condições de vida e da mudança nos critérios de análise dos dados );
- O papel do negro na sociedade brasileira, a contribuição das culturas de origem africana na constituição da identidade e cultura nacional. O origem das populações negras que foram trazidas durante a escravidão, as características culturais e a organização dessas sociedades;
- Os 100 anos de migração Japonesa e a situação dos dekasseguis
3 – Energia
- As relações existentes entre a questão energética global e a elevação do preço dos alimentos. As implicações sociais, ambientais e geopolíticas que envolvem a temática energética; ( leia o post anterior)
- A questão nuclear – a energia nuclear que no passado era vista com uma grande vilã pelos ambientalistas, hoje, em função do agravamento do efeito estufa, começa a ser vista com outros olhos;
- O aumento do preço do petróleo, contribuindo para o aumento do esforços no desenvolvimento de combustível de origem vegetal, o biocombustível. O programa americano e brasileiro de biocombustível, os impactos destes programas sobre os espaço agrário e ambiental nesses países.
4 – Ambiental
- efeito estufa, chuva ácida, inversão térmica, poluição do ar, ilha de calor – relacionando esses problemas ambientais a qualidade de vida nas metrópoles, a incidência de doenças respiratórias e os impactos sociais em escala local e global;
- O debate envolvendo os impactos sócio-ambientais e econômicos do programa de transposição das águas do Rio São Francisco;
- A questão da água. Em breve, a redução da disponibilidade de água potável tende a fazer com que este bem essencial se encaixe nesta categoria, aumentando a sua importância econômica e geopolítica. Se a nossa forma de utilização dos recursos hídricos se mantiver, a água potável será o recurso natural mais disputado no planeta e quem sabe um novo commodity? Uma grande quantidade de países já vivem problemas de escassez relativa e absoluta, com destaque para os países africanos do Magreb e os estados do Oriente Médio ( onde o petróleo é a principal riqueza, seguida pela água.... até quando?);
- A utilização e a importância do aqüífero Guarani
5 - Amazônia
- O avanço do desmatamento na Amazônia, fruto da expansão da agricultura ( principalmente da soja), da pecuária, das madeireiras, dos projetos de mineração e da própria urbanização. Os efeitos locais e globais do desmatamento.
- A questão indígena, principalmente na amazônia, a demarcação das reservas; os conflitos com agricultores e garimpeiros; o papel de Ongs, a visão das forças armadas, e as possíveis ameaças a soberania brasileira sobre a região.
6 – Questão urbana
- A violência urbana, a segregação espacial, o crime organizado, a espaços onde o tráfico e mesmo milícias se territorializaram, onde a atuação do Estado é restrita.
- O impacto da violência urbana sobre o quadro populacional
- O problema do transporte coletivo das grandes metrópoles.
7 – questão cultural e política
- Os eventos que marcaram Maio de 68. O movimento estudantil, o movimento feminista, o movimento negro ( e suas lideranças ). A revolução sexual, a comunicação em massa ( T.V) e outros.
Um comentário:
Fundamental! Abraços! Boru!
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